POPULAÇÃO HOSTILIZA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL NA SAÍDA DA DELEGACIA
Reportagem e fotos: Pacheco de Souza
Foto do acusado enviada por um morador
A notícia trazida em primeira mão pela equipe do Portal Mix Notícias na tarde de ontem é o assunto mais comentado nesta manhã em Confins, região metropolitana de Belo Horizonte. Moradores do município estão assustados com a prisão do presidente da Câmara Municipal, vereador Aladir José Pessoa de Souza, de 48 anos. O parlamentar é acusado em uma investigação da Polícia Civil de influenciar nas licitações para favorecer sua própria empresa, a NEXT COMERCIAL EIRELI-ME.
Além do presidente da Câmara Municipal, outras 13 pessoas que participaram das licitações na manhã dessa segunda-feira (29) na Prefeitura Municipal foram conduzidas para a delegacia da cidade. Deste total, duas pessoas pagaram fiança e foram liberadas, mas vão responder na justiça por oferecer vantagens para afastar licitantes. Um dos presos é um ex-vereador de Lagoa Santa e a outra pessoa é um “laranja” contratado pelo vereador preso em Confins. Outras 11 pessoas foram liberadas pelo delegado, elas devem ser arroladas no inquérito apenas como testemunhas.
A INVESTIGAÇÃO
Dr. Jonas apreendeu vários documentos na prefeitura
A investigação chefiada pelo Delegado Dr. Jonas Tomazi contou com a participação de aproximadamente 10 investigadores, além de uma equipe da Delegacia Regional. Os trabalhos iniciados às 08h30 de ontem só terminaram às 23h30, quando o vereador “Ladizinho” foi conduzido na viatura policial para o presídio de Vespasiano. “Há um ano e meio chegaram algumas informações à delegacia de que um vereador da cidade possuía empresas em nome de laranjas e estaria usando as mesmas para ganhar as licitações de maneira fraudulenta. No dia de hoje, em razão das denúncias e já sabendo que aconteceria uma licitação na prefeitura, nossa equipe foi ao local e pessoalmente eu vi o vereador no pátio da prefeitura conversando com alguns licitantes. No início da licitação, uma testemunhas me informou que o vereador teria lhe oferecido uma vantagem para que ele abandonasse a licitação”, contou o delegado.
Ainda segundo o delegado, os trabalhos feitos pelos investigadores foi todo gravado em vídeo e fotografado. No entanto, os depoimentos dos licitantes e das pessoas que receberam propostas para abandonar as licitações são peça chave do inquérito que deve ser concluído em dez dias. “Um licitante disse que há seis anos o Aladir ganha os processos licitatórios em Confins. Ele oferecia vantagens em dinheiro ou então 3% do valor do contrato para que as empresas abandonassem o certame”, concluiu Dr. Jonas.
O OUTRO LADO
De rosto coberto vereador deixa a delegacia
A Polícia Civil informou que o vereador Aladir José Pessoa de Souza (Ladizinho) não confirmou as acusações durante seu depoimento, ele preferiu ficar calado e só falar em juízo.
O parlamentar contratou um escritório de advocacia de Belo Horizonte, mas a advogada Carla Fernanda da Cruz disse que só falaria do caso após tomar amplo conhecimento das acusações. Ela também orientou seu cliente para não dar entrevistas sobre o caso.
“Ladizinho” deixou a delegacia escoltado por familiares e policiais. Do prédio da delegacia até a viatura Policial ele ficou o tempo todo com o rosto coberto por um edredom e não quis responder as perguntas feitas pela imprensa.
Segundo o delegado Dr. Jonas, o presidente da Câmara Municipal de Confins vai responder pelos crimes de corrupção, fraude em licitações e falsificação de documentos públicos.
PROTESTO NA PORTA DA DELEGACIA
Terapeuta elogia ação da Polícia Civil
Nossa equipe ficou na Delegacia de Confins das 17h30 até 00h00, neste período vários moradores permaneceram na porta da delegacia para ver o vereador sendo conduzido. Na saída do parlamentar ouve um princípio de tumulto e os Policias tiveram que agir rápido para conter os ânimos. “Estamos indignados como cidadãos ao saber que o vereador está roubando de todos nós, depois vem um puxa-saco e tampa a cara do sujeito e vai embora”, desabafou um morador.
“Na hora de pedir voto ele não veio com o rosto tampado, depois ainda vem a família do vereador nos ameaçar e tentar impedir nossa manifestação”, disse outra moradora.
Uma Terapeuta Ocupacional da cidade frisou que a população tem que se unir e apoiar a ação da Polícia Civil neste trabalho feito contra a corrupção. “A população deveria estar aqui na porta da delegacia para aplaudir a ação da Polícia Civil, estou orgulhosa com o trabalho da Polícia, isso já vem acontecendo há anos. Têm muita coisa suja ainda para ser mostrada”, observou Glauciara Silva.