Membro da Pastoral Carcerária afirma que presídio de Pedro Leopoldo é na verdade uma cadeia maquiada pelo governo
Reportagem: Luciana Gonçalves / Fotos: Pacheco de Souza
Localizado em área residencial, presídio é um risco à população
O vice coordenador da Pastoral Carcerária de Pedro Leopoldo Assis Ribeiro, juntamente com Wanderlei Dias (Coordenador da Pastoral Carcerária) e também a Sra. Maria de Lourdes que é Coordenadora Diocesana da Pastoral Carcerária através da Arquidiocese da capital, reuniram-se na manhã dessa terça-feira (17) em Belo Horizonte com Dr. Samuel diretor de construção de presídios da Secretaria de Defesa Social do Estado (SEDS).
Em entrevista à equipe do MIX NOTÌCIAS, Assis informou que a Pastoral Carcerária da Arquidiocese tem a missão de visitar os presos para prestar-lhes uma assistência religiosa, mas que também se preocupam com a situação dos familiares e que o objetivo da reunião era justamente para cobrar do Estado uma resposta sobre a situação do presídio de Pedro Leopoldo, pois desde a rebelião ocorrida há um ano (18 de dezembro), os presos da cidade foram levados para outras partes de Minas, grande parte transferidos para o presídio de Vespasiano, causando uma superlotação, o que contraria a Lei de Execução Penal, já que o preso deve cumprir sua pena mais próximo do seu domicílio. No mês de setembro eles estiveram no local e a expectativa era de que a obra de reforma já estivesse em fase de conclusão, porém se depararam com a obra paralisada, então decidiram procurar o governo para saber sobre a situação real.
Unidade está fechada após rebelião do dia 18 de dezembro de 2012
De acordo com ele, o Dr. Samuel informou que a conclusão da obra está prevista para meados do ano que vem, quando poderá abrigar os presos novamente. “O governo havia liberado uma verba de R$ 450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais) para fazer parte da reforma, porém no meio do desenvolvimento do projeto a obra foi blindada devido ao governo estar ultrapassando o limite da lei de Responsabilidade Fiscal, então teve que transferir a obra para o ano que vem”, disse. Assis afirmou ainda que ficou preocupado pois, as famílias dos presos também sofrem por terem que se deslocar a outras cidades para verem seus parentes. “De acordo com o Dr. Samuel, Minas Gerais recebeu uma verba do governo Federal, para construção e 10 presídios, mas Pedro Leopoldo não quis oferecer o terreno para essa construção. A construção em outra área seria o ideal, pois o presídio de Pedro Leopoldo é totalmente ilegal, estando numa área residencial, oferecendo um risco muito grande para a população. Na ocasião da rebelião em dezembro do ano passado, as famílias poderiam ter sofrido algum dano, graças a Deus nada grave aconteceu”, acrescentou.
Durante a entrevista Assis revelou que uma moradora o contou sobre o pânico que os vizinhos tiveram na noite da rebelião, que começou por volta das 23hs e foi até a madrugada, quem morava ali próximo não dormiu. Assis disse ainda que não sabe qual governo não quis liberar o terreno para construção do presídio, mas que Pedro Leopoldo perdeu uma grande oportunidade de construir uma unidade prisional dentro dos padrões que são ditados pela política de recuperação de presos e agora não se sabe quando haverá uma nova oportunidade.
Assis comentou ainda que ficou satisfeito ao ver as melhorias que estão sendo feitas desde que começaram as visitas da pastoral em 2009, porque antes o presídio era um verdadeiro caos e que as melhorias eram feitas somente na parte administrativa ficando as celas em total abandono. Era deprimente e perceptível a diferença. Agora, depois da rebelião, apesar da gravidade do evento, muitas mudanças vão ocorrer em benefício deles: os presos terão beliches de alvenaria; O piso foi elevado por causa da umidade; haverá também uma sala de aula, que antes não havia e eles ficavam totalmente ociosos saindo apenas 2 horas por dia para tomar sol, com isso terão oportunidade de ter aulas e poder aprender uma profissão. Além de uma sala multiuso mas que tudo isso ainda é pouco, visto que o presídio anteriormente era uma cadeia e que foi maquiado pelo governo transformando-o em presídio, que o prédio em si não oferece condições para que o preso tenha uma ressocialização pois lá não tem por exemplo uma sala para oficina de trabalhos manuais onde o preso possa exercer uma atividade. E que também não sabe se nesse projeto essa oficina será construída, porque todo presídio tem 2 ou 3 salas de oficinas onde os presos podem desenvolver trabalhos, e aqui em Pedro Leopoldo não tem isso.
Assis aproveitou para convidar as famílias dos presos de Pedro Leopoldo para participarem no dia 29 de uma Missa que será realizada as 10hs da manhã na escola municipal Nhazinha de Carvalho.