Reportagem: Lívia Laudares
Foto: Câmara Municipal de Pedro Leopoldo
A discussão sobre a possibilidade retomada de voos comerciais no Aeroporto Carlos Drummond de Andrade,na Pampulha passa pelo crivo de diversas autoridades da região. Representantes municipais, empreendedores e membros da sociedade civil discutiram a proposta na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, Assembleia Legislativa e mais recentemente na Câmara dos Vereadores de Lagoa Santa, em reunião comandada pelo presidente da Câmara da cidade, Juninho Fagundes.
A movimentação visa impedir que 155 voos do Aeroporto Internacional Tancredo Neves sejam direcionados para a Pampulha. Isso porque as cidades próximas ao Aeroporto de Confins podem ser diretamente prejudicadas com a medida, estimativas dão conta 8 mil postos de trabalho fechados, além do cancelamento de investimentos na região e no próprio terminal. Segundo o prefeito, Cristiano Marião, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) emprega 1600 cidadãos de Pedro Leopoldo.
Atualmente, o Aeroporto da Pampulha recebe aviões de menor porte, que fazem táxi aéreo, além de voos executivos e regionais, com até 72 passageiros. O pedido de liberação de voos comerciais partiu da Infraero, estatal que administra o aeroporto. A autorização da Anac pode liberar o aeroporto para operar aeronaves maiores, com capacidade superior a 110 passageiros.
Parte dos moradores da Pampulha destacaram que a retomada dos voos no aeroporto pode aumentar a poluição sonora, o risco de acidentes aéreos, além de complicar cada vez mais o trânsito no local. Já os Representantes da concessionária do Aeroporto Internacional de Confins, a BH Airport, alegam que a transferência de voos domésticos para a Pampulha pode elitizar o serviço. Isso ocorreria porque o aeroporto da capital não poderia garantir a mesma quantidade de conexões possíveis em Confins, e por estar inserido no perímetro urbano, o valor das passagens provavelmente aumentaria.
O presidente da Câmara de Vereadores, Loro, relatou que a reunião realizada em Lagoa Santa é mais um dos esforços das autoridades em se reunir pelo bem estar da população. “Eu já participei de várias reuniões sobre esse episódio que está para acontecer aqui na nossa região, inclusive no Aeroporto de Confins, na semana passada, tive uma reunião por 4 horas, com vários representantes da ANAC, prefeitos de toda região, além dos presidentes de câmaras de vereadores”, relatou. O vereador lamenta o regresso da possível decisão. “A perda é muito grande se isso acontecer e nós estamos de mãos dadas para evitar. Estamos unindo todos os esforços e gostaríamos de convocar a população dessa região para lutarmos pra isso não acontecer”, afirma.
O prefeito de Pedro Leopoldo, Cristiano Marião, destacou o compromisso assumido na construção do terminal.“O aeroporto [Confins] foi planejado para o desenvolvimento do Vetor Norte. Tudo isso foi planejado em mais de 30 mil horas de estudos técnicos. Isso vai prejudicar um acordo que foi feito com a BHAirport, que confiou no Governo de Minas para investir na nossa região”, salientou.
Para Marião o momento era de discutir melhorias no acesso ao Aeroporto de Confins, e não retroceder na retomada dos voos domésticos na capital. “Nós deveríamos, neste momento, estar discutindo como trazer o metrô de Belo Horizonte para o Aeroporto de Confins. Deveríamos estar discutindo o rodoanel que ligaria Betim a Sabará, dando condições melhores ao aeroporto”, apontou.
Quatro diretores da Anac deram parecer favorável à medida e um pediu vista, e por isso a decisão final está pendente. Ou seja, o processo está sendo analisado mais detalhadamente pela Agência Nacional de Aviação Civil.
Na manhã dessa quarta-feira prefeitos das cidades interessadas na continuidade dos voos no Aeroporto de Confins seguiram rumo à Brasília. A comitiva busca apoio parlamentar para a causa. De Pedro Leopoldo os representantes executivos, prefeito Cristiano Marião e vice-prefeito Salim Salema participam do movimento, além dos representantes legislativos Geraldo Louro, Aziz José Ferreira e Marcus Marinho.