Portal funcional moderno e completo amplia a possibilidade de contribuição da sociedade. Integração das forças de segurança e comunicação ampliada são pontos fortes da ação
Redação e foto: Agência Minas
Um sofrimento sem ponto final. Uma angústia latente que trava a realidade e a possibilidade de ser feliz. Essa é a condição de vida que parentes e amigos de pessoas desaparecidas enfrentam enquanto o destino de seus entes permanece desconhecido. Para sanar esse tipo de situação dolorosa a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) não mede esforços em implantar metodologias específicas para esses casos. Uma delas é o lançamento do site de pessoas desaparecidas com novas ferramentas e funções multimídia.
O portal funcionará como um baú que contém informações completas e acessíveis aos cidadãos sobre as pessoas desaparecidas. Está acessível em www.desaparecidos.mg.gov.br.
A delegada da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, Maria Alice Faria, afirma que o site apresenta bons prospectos para aumento das resoluções em ocorrências de desaparecimento.
“O site é moderno e dinâmico, com muitas funcionalidades, fácil de navegar e vai ao encontro da soma de forças para as buscas. Acreditamos que será acessível para que a sociedade civil nos auxilie, enviando-nos informações – textuais ou imagens – pelo Fale Conosco, que terá uma equipe atenta e pronta para checar o que foi recebido e disponibilizar no portal para visualização de todos”.
Além disso, a delegada também ressalta o caráter acalentador do novo canal para os familiares da pessoa desaparecida. “O site pode até ser um alento para os familiares. É como uma comprovação visual e atualizada da busca de seus entes queridos” ressalta Maria Alice.
Ainda de acordo com a delegada, nos últimos dois anos os números são bons. “Tanto caiu a quantidade de pessoas desaparecidas como aumentou o número de pessoas encontradas. Reflexos concretos de um esforço incansável de toda a equipe para um trabalho efetivo”, garante.
O caminho para a busca da pessoa é, ao mesmo tempo, enérgico e detalhado, como relata Maria Alice. “Uma primeira informação importantíssima refere-se ao mito de que as autoridades só podem começar as buscas a partir de 24 horas de sumiço da pessoa. Não é verdade. Caso seja constatada quebra do seu hábito cotidiano, ou ainda, quando haja extravio, considerando a idade ou a capacidade mental do indivíduo, não há prazo para a caracterização do desaparecimento, possibilitando a sua confirmação imediatamente”.
Segundo Maria Alice, as operações de localização da pessoa atuam em duas frentes: a primeira e mais óbvia é a busca ágil; a outra é o acolhimento do solicitante/familiar da pessoa desaparecida.
“Logo que recebemos a solicitação de desaparecimento, verificamos se procede. Também vemos como estratégica a divulgação com informações claras e foto do desaparecido” conta a delegada.
Segundo ela, a utilização de todos os canais de comunicação é imprescindível para o êxito da ação. “Simultaneamente, um núcleo de psicólogos e assistentes sociais atende a família da pessoa desaparecida, que, se bem amparados, colaboram melhor com a operação”, ressalta Maria Alice.
Um dos mais recentes casos solucionados, em que a pessoa desaparecida foi encontrada sem qualquer agressão ou acidente, foi o de Cíntia Pimenta Machado, de 37 anos. No dia 22 de outubro de 2018 ela saiu de casa às 14h, mas deixou os documentos junto a uma receita de medicamento da filha, em cima da mesa de jantar.
Em sua bolsa, Cíntia só levava garrafa de água, blusa de frio, remédios, livros e cigarro. Em um ponto do trajeto teve um apagão de memória e só se lembra de quando apareceu na rodoviária de Belo Horizonte, às 18h. Quando recuperou a consciência, ainda estava muito confusa, não se recordava das informações básicas como nome, endereço, contatos de familiares… nada.
“Fiquei vagando, tentando me lembrar de algo. Tive a sorte de encontrar um jovem muito prestativo que logo percebeu a minha confusão mental. Abrindo o livro da minha bolsa, vi a dedicatória do livro que terminava com ‘de tia Vanda para Cíntia’. Aí começamos a procurar ajuda”, conta.
Mais segura, Cíntia recebeu a informação correta que encurtou o caminho para a solução rápida do seu caso. “Parei perto de uma viatura da Polícia Militar, e os soldados me levaram até a Delegacia de Desaparecidos, quando entenderam meu caso”, relata.
Lá, a delegada Maria Alice foi montando o quebra cabeça da memória de Cíntia, já acionando todos os setores pertinentes e monitorando os canais de comunicação. Como o sistema de trabalho é integrado, no cruzamento de Banco de Dados, Maria Alice encontrou o Boletim de Ocorrência feito pelo marido de Cíntia. Com base nas informações, a família foi contatada. A operação durou três horas, mas para Cíntia a gratidão é eterna. Na última semana ela esteve na delegacia para agradecer os serviços.