Ex-prefeito Dr. Marcelo é condenado por improbidade

DECISÃO DA JUSTIÇA LOCAL AINDA CABE RECURSO

Reportagem: Pacheco de Souza / Foto do arquivo Mix Notícias

Ex-prefeito Marcelo Gonçalves

Ex-prefeito Marcelo Gonçalves

O ex-prefeito de Pedro Leopoldo, Marcelo Jerônimo Gonçalves – PDT foi condenado por improbidade administrativa em função de ter nomeado irregularmente vários funcionários para trabalhar na prefeitura, em cargos em comissão, sem as devidas qualificações, descumprindo disposto em legislação federal sobre o tema. A decisão é do juiz Henrique Alves Pereira, da 2ª Vara Cível, Criminal e de Execuções da comarca, em ação civil pública movida pelo Ministério Público.

Sentença com 16 páginas está publicada no site do TJ/MG, para ler CLIQUE AQUI.

Marcelo deverá ressarcir 80% do que o Município pagou a todos os servidores admitidos para os cargos em comissão, desde a admissão até a efetiva exoneração deles, em valores atualizados. Foi condenado ainda a pagar multa civil correspondente a 50 vezes o valor da última remuneração recebida por ele no cargo de prefeito. A sentença proíbe Marcelo de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, por meio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. Marcelo também terá suspenso seus direitos políticos pelo período de quatro anos.

O Ministério Público propôs ação civil pública contra o Município de Pedro Leopoldo e o então prefeito narrando que diversos funcionários foram admitidos no serviço público por contratos administrativos, mas foram demitidos após providências adotadas pelo MP. Para burlar a exigência de concurso público, assim como para proteger os seus apadrinhados, o réu admitiu as mesmas pessoas para cargos em comissão, embora desenvolvessem serviços braçais e burocráticos para os quais existem cargos vagos por provimento.

Ainda de acordo com o MP, as pessoas beneficiadas pela nomeação para cargos em comissão, em sua maioria, não foram aprovadas em concurso público e, depois de nomeadas, continuaram a exercer funções administrativas ou braçais, que não guardavam qualquer relação com as funções previstas na lei que criou os cargos comissionados.

O MP sustentou que, de acordo com o disposto na Constituição Federal e jurisprudência, cargos em comissão se destinam apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Assim, pediu a concessão de liminar para determinar ao prefeito a imediata exoneração dos ocupantes dos cargos em comissão (de Supervisor I, II e III), por abuso de poder e desvio de finalidade ou a imediata exoneração dos ocupantes dos cargos em comissão, que exerciam funções braçais e administrativas, diversas das que constam na lei que criou os cargos em comissão.

O MP pediu também estipulação de multa diária para o caso de descumprimento da medida liminar e que o prefeito fosse condenado a ressarcir integralmente o dano causado ao patrimônio público decorrente das nomeações irregulares.

Defesa do prefeito e do Município

Em sua defesa, o então prefeito alegou que os cargos em comissão estão previstos constitucionalmente, sendo lícito ao Poder Público instituí-lo por lei, de modo que tinham sido corretas as nomeações. Afirmou ainda competir ao Município organizar o serviço público local e elaborar o regime jurídico de seus servidores. Entre outros pontos, afirmou também que foram feitos esforços para o preenchimento dos cargos públicos de provimento por concurso, mas as vagas não foram preenchidas por motivos como falta de candidatos.

Marcelo alegou ainda que não houve improbidade administrativa porque o serviços foram efetivamente prestados pelos servidores, sem qualquer ofensa aos princípios constitucionais e porque os cargos foram criados por lei.

O Município, por sua vez, reiterou teses do então prefeito, em sua contestação, e afirmou também que a decisão do Poder Judiciário acerca de implementação de políticas públicas pelo Município ofende o princípio da separação dos Poderes, por se tratar de ato discricionário.

Atribuições de cargos em comissão

O juiz, ao analisar o mérito, avaliou que “a questão nuclear da lide consiste em saber se basta a edição de lei editada pelo ente público para a criação de cargos em comissão, sem outros contornos, tese adotada pelo réu, ou se há exigência de outras formalidades, como os cargos de direção, como defendido pelo Ministério Público”.

Analisando o que a Constituição Federal dispõe sobre o tema, em seu Artigo 37, o magistrado verificou que não se pode dar ao administrador uma “discricionariedade sem limites”. “Por isso, a mesma Constituição Federal, em complemento à norma mencionada, dispõe que as funções de confiança e os cargos de comissão destinam-se apenas às atribuições, chefia e assessoramento (artigo 37, V)”.

Na avaliação do juiz, “se fosse possível adotar-se a tese defendida pelo réu, fácil seria burlar o disposto no artigo 37, II, da Constituição da República, coonestando o ingresso de todos os servidores públicos, independentemente da qualificação de cada um, por meio de edição de lei que crie cargos e funções públicas, declaradas de livre nomeação e exoneração. Todavia, como visto, é juridicamente impossível acolher-se a tese do réu; indispensável, por conseguinte, que cargos em comissão se destinem às atribuições de direção, chefia e assessoramento”.

O magistrado observou que provas nos autos indicavam que foram feitas 224 nomeações para cargos comissionados, mas sem as qualificações legalmente exigidas. Os nomeados exerciam, entre outras, as funções de motoristas, pedreiros, coveiros, faxineira, cujos ingressos só poderiam ter ocorrido por concurso público. “Ficou demonstrado que a vontade do réu voltou-se para finalidade sabidamente ilícita e atingiu fim proibido, com a nomeação de pessoas para o exercício de funções sem os requisitos legais; com essa conduta, acabou por frustrar o concurso realizado”.

Verificando que acordos celebrados pelo então prefeito com o MP para regularizar as contratações sem concurso público foram burladas pelo réu, o julgou que M. deveria ser condenado.

Decisão da Justiça ainda cabe recurso.

Processo 0210.11.007683-8

O OUTRO LADO

Nossa equipe tentou agora à tarde contato com o ex-prefeito Dr. Marcelo Gonçalves para saber se ele quer comentar a decisão da Justiça, mas os telefones deram fora de área ou desligado. Na tentativa de localizá-lo ainda ligamos para sua ex-secretária que ficou de localizá-lo e nos dar uma resposta.

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional – TJ/MG

 

Vitor Penido é condenado por improbidade administrativa

Decisão da Justiça de Nova Lima cabe recurso e ex-prefeito garante que vai apresentar sua defesa

Reportagem e foto: Pacheco de Souza / Fonte: o Tempo – Texto de RAQUEL GONDIM

Vitor Penido Dep

Deputado Federal Vitor Penido recebe Título de Cidadão Honorário de Pedro Leopoldo (homenagem do Paulinho da Farmácia).

O ex-prefeito de Nova Lima e atual deputado federal Vitor Penido (DEM) foi condenado, em primeira instância, por improbidade administrativa. A sentença é fruto de uma denúncia de 2001, quando Penido ainda estava à frente da administração do município.

O deputado foi considerado culpado pela juíza da 2ª Vara Cível de Nova Lima Adriana Garcia Rabelo por supostamente ter favorecido o negócio de seus filhos, o posto de gasolina Bicame Ltda, em um processo licitatório. A concorrência foi aberta para definir fornecedores de combustíveis para a prefeitura. Foram condenados ainda a própria empresa e Vitor Vinicius Sarti Barros, um dos filhos do ex-prefeito.

Com a decisão, os condenados ficam proibidos, por três anos, de contratar com o poder público ou receber benefícios e incentivos fiscais, ainda que por intermédio de pessoa jurídica.

Defesa. Procurado por O TEMPO, Penido destacou que não havia qualquer impedimento para que a empresa de seus filhos participasse de um processo licitatório na cidade. “Não houve dolo nesse caso e nenhum tipo de enriquecimento ilícito em razão disso”, afirmou o deputado.

“É impossível para qualquer prefeito do país deixar um mandato sem ter nenhuma acusação partindo do PT, se eles forem a oposição”, disse, destacando a origem da denúncia. O ex-prefeito pretende recorrer da decisão.

Penido foi prefeito de Nova Lima por 18 anos. Nas eleições do ano passado, o democrata tentou recuperar o posto, mas, apesar do favoritismo inicial, foi derrotado nas urnas por Cassinho Magnani (PMDB).

Atualmente, ele cumpre seu segundo mandato consecutivo como deputado federal.

Na manhã dessa sexta-feira, dia 5, o ex-prefeito de Nova Lima falou à Rádio Itatiaia sobre o assunto e mais uma vez, disse que a legislação da época não impedia os seus filhos de participar do processo licitatório para compra de combustíveis na cidade. “Houve um processo licitatório onde todos os postos de Nova Lima teve a oportunidade de participar. A legislação de Minas Gerais hoje, impede que parente de primeiro grau participe de licitação, mas em 2001 isso não existia”, afirmou o deputado para a repórter Camila Campos.

Na foto acima, Vitor Penido aparece recebendo o título de Cidadão Honorário de Pedro Leopoldo na Câmara Municipal da cidade. A honraria é uma homenagem do amigo e ex-vereador Paulinho da Farmácia.

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