Lei Orgânica da Assistência Social completa 19 anos

Reportagem: Pacheco de Souza

No dia 7 de dezembro de 1993, os movimentos sociais e entidades de assistência social do Brasil assistiam à aprovação, pelo Congresso Nacional, da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). Dezenove anos depois, o país celebra os enormes avanços de uma política de garantia de direitos consolidada, que proporciona o resgate da cidadania e a diminuição das desigualdades. Ontem também foi comemorado o Dia Nacional da Assistência Social, instituído em 5 de agosto de 2005 pela Lei nº 11.162, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A secretária nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Denise Colin, destaca uma série de conquistas, que só foram possíveis a partir da existência da Loas. A principal, ressalta, foi a transformação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) em lei federal, em julho de 2011. “Essa legislação, reproduzida por todos os estados e municípios, confirmou a nossa política pública como um direito de toda a população.”

Para a presidenta do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), Luziele Tapajós, os 19 anos da lei representam o abandono definitivo do assistencialismo no Brasil e sua substituição por uma política forte e universal. “A Loas, de fato, deu nova constituição à assistência social. E, ao dar essa constituição forte de política pública, permitiu a consolidação do Suas, demonstrando a força de uma política que se constrói com as demandas do cotidiano e com a oferta universal de serviços socioassistenciais e de benefícios de transferência de renda.”

A opinião de Luziele é compartilhada pelo presidente do Conselho Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), Valdiosmar Santos. Para ele, o melhor é perceber o quanto a Loas mudou, na prática, a vida do povo brasileiro. “Ela trouxe para as pessoas dignidade e qualidade de vida, além a cidadania.” Segundo ele, “quando assistidas pelo Estado, as pessoas começam a se perceber como seres independentes e como cidadãs, na medida em que não se sentem mais obrigadas a votar naquele que lhe dá a cesta básica, que faz as benemerências. Temos, por isso, muito a comemorar.”

Festejar a Loas significa lembrar de um passo importante que o povo brasileiro e os movimentos sociais deram, ao dizer que o Estado é o ente responsável por universalizar as ações da assistência e colocá-la no campo do direito, e não do voluntarismo, ressalta a presidenta do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Assistência Social (Fonseas), Maria Aparecida Ramos. “Mais do que comemorar, temos que trabalhar para que esse sistema avance cada vez mais, para alcançar a equidade social e a distribuição de renda em termos que atendam aos interesses de toda a população.”

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Divisor de águas

Como um divisor de águas, a aprovação da Loas, em 1993, deu início a um processo de construção da gestão pública e participativa da assistência social, que passou a operar sob a estrutura de uma política pública de Estado. A partir desse marco legal, o país ganhou um conjunto de normas que se fortaleceram gradualmente e que, especialmente de 2003 em diante, mudaram a vida de milhões de brasileiros.

Em 2004, a criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) acelerou o processo. Em 2004, o Brasil passou a ter uma Política Nacional de Assistência Social e, no ano seguinte, nasceu o Sistema Único de Assistência Social.

Em julho de 2011, o Brasil ganhou seu segundo marco legal no campo da assistência social. A transformação do Suas em lei federal implantou, de fato, os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, que estabelecem que a assistência social será prestada “a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”.

 

 

 

 

 

Brasil e Venezuela debatem superação da extrema pobreza

Ministra Tereza Campello recebeu, nesta sexta-feira (30), a vice-presidente da área social do país vizinho

Reportagem: Pacheco de Souza

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, recebeu nessa sexta-feira (30) a vice-presidente da área Social da Venezuela e ministra da Educação, Marlene Yadira Cordova. Elas debateram sobre as estratégias de superação da extrema pobreza que cada país desenvolve.

Na Venezuela, 21% da população estavam nessa situação no início do governo de Hugo Chaves – há 13 anos – e hoje são 7%. Marlene contou que atualmente existe um programa específico de transferência de renda para famílias com filhos de até 18 anos, onde são destinados US$ 100 por pessoa, com repasse máximo para três pessoas por cada unidade familiar. Segundo ela, a medida em que o país avança na superação da extrema pobreza, o processo fica mais difícil. Uma das medidas do governo é tentar fazer a inclusão produtiva dessas famílias.

A Vice-Presidência da Área Social da Venezuela é formada por 12 ministérios. “O modelo de gestão pública é parcelado e estamos integrando nesse esforço”. Tereza Campello comparou o modelo venezuelano ao Plano Brasil Sem Miséria, que articula 10 ministérios. “É muito bom ter um espaço de concertação dessas políticas. Não temos um fórum que trate de todas, mas o Brasil Sem Miséria é um pouco isso”, disse a ministra brasileira.

Marlene perguntou para Tereza Campello sobre o Brasil Carinhoso e sua expansão – anunciada na quinta-feira (29). A ministra brasileira disse que a ação do Brasil Sem Miséria não prevê apenas a transferência de renda, mas também ações na área da saúde e da educação, com incentivo financeiro para que os municípios priorizem as crianças do Bolsa Família na oferta de vagas na educação infantil.

A ministra venezuelana está em Brasília participando da XXIII Reunião de Ministros e Altas Autoridades de Desenvolvimento Social do Mercosul e Estados Associados. O país vizinho entrou oficialmente no bloco econômico em julho passado.