POPULAÇÃO ABRAÇA FÁBRICA DE TECIDOS NESSE DOMINGO

CORDÃO HUMANO FORMADO POR CENTENAS DE PESSOAS PRETENDE PEDIR A PRESERVAÇÃO DE UM DOS PRINCIPAIS PATRIMÔNIOS QUE CONTA A HISTÓRIA DE PEDRO LEOPOLDO

Reportagem e foto: Pacheco de Souza

Pedro Leopoldo surgiu no entorno da Fábrica de Tecidos

” Pedro Leopoldo nasceu ali e destruir a fábrica é matar nossa história”

Centenas de moradores de Pedro Leopoldo são esperados nesse domingo pela manhã, para um abraço simbólico ao prédio da antiga Fábrica de Tecidos da cidade. O cordão humano formado por moradores e ex-funcionários da fábrica pretende pedir as autoridades competentes, a preservação de um dos principais patrimônios que conta a história da cidade.

Um dos líderes do movimento convida a todos para participar do evento. “Não podemos perder este patrimônio de nossa cidade, você que trabalhou na fábrica de tecidos e dali tirou o sustento de sua família, você que aprendeu na escola a importância desta fábrica para a história de Pedro Leopoldo deve participar conosco”, comentou Alex Matoso.

Ainda segundo Matoso  o prédio da antiga Fábrica de Tecidos representa a identidade histórica e patrimonial de Pedro Leopoldo. “A Fábrica de Tecidos pede socorro e temos que mostrar às autoridades que nos importamos com ela e, com tudo que ela nos representa. Pedro Leopoldo nasceu ali e destruir a fábrica é matar nossa história”, concluiu.

A FÁBRICA

Sem atividades há 10 anos, parte do conjunto de prédios que ainda resiste ao tempo no terreno da antiga Fábrica de Tecidos, já foi tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal, outra parte ainda está em processo de tombamento. A mobilização popular desse domingo é para pedir ao Governo Municipal que o local seja declarado de utilidade pública municipal e que sejam realizadas atividades culturais no local.

SERVIÇO:

Abraço simbólico ao prédio da Fábrica de Tecidos.

Dia 26 de maio, a partir das 08 da manhã.

Quer puder vá vestido com uma camisa branca.

A viola rebelde de Fernando Sodré

Músico subverteu a forma e a sonoridade da tradicional viola caipira brasileira

Por Marco Lacerda

Músico tocou em Fidalgo no Festival de Verão de Pedro Leopoldo em 2012

Músico tocou em Fidalgo no Festival de Verão de Pedro Leopoldo em 2012

Como Ney Matogrosso, que escolheu Juiz de Fora para fazer a pré-estréia do seu novo show (Atento aos sinais), o violeiro mineiro Fernando Sodré optou por Itamonte, também em Minas, para abrir sua temporada de shows de 2013. A temporada antecede o lançamento do terceiro CD do músico, ‘Viola de Ponta Cabeça’, que acontecerá ainda neste primeiro semestre. Antes disso Sodré levará seu concerto às principais cidades de Minas e do Brasil em turnê a ser previamente anunciada.

Em suas apresentações Fernando não conta com apoio financeiro ou patrocínio, enquanto Cláudia Leite é contemplada com 6,5 milhões de reais para uma turnê em que serão despejadas toneladas de detritos musicais nos já calejados ouvidos brasileiros. A única arma com a qual Fernando Sodré conta é a sua viola caipira, também conhecida como viola sertaneja, viola nordestina, viola cabocla e viola brasileira. Com suas variações, é popular principalmente no interior do Brasil, sendo um dos símbolos da música popular brasileira.

O instrumento tem sua origem nas violas portuguesas, oriundas de congêneres árabes como o alaúde. É descendentes direta da guitarra latina, que, por sua vez, tem origem arábico-persa. Já as violas portuguesas chegaram ao Brasil trazidas por colonos portugueses de diversas regiões lusitanas e passaram a ser usada pelos jesuítas na catequese de indígenas. Mais tarde, os primeiros caboclos começaram a construir violas com madeiras toscas da terra, dando origem à viola caipira.

Dito isso é bom lembrar que Fernando Sodré subverteu não só o design, mas a sonoridade típica do instrumento à qual estávamos habituados. Quem vai aos seus concertos esperando ouvir lamentos sertanejos com certeza volta pra casa tão decepcionado como aqueles que, em 1976, pagaram uma grana preta na esperança de ouvir Miles Davis tocar o Concerto de Aranjuez, no Teatro Municipal de São Paulo. Totalmente mergulhado na fusão jazz-rock, Davis estourou os tímpanos conservadores com um som arrebatador demais até para os ouvidos modernos da época.

Algo semelhante acontece com a música de Fernando Sodré. Aos 34 anos, ele já é reconhecido como um dos mais importantes representantes da viola caipira instrumental no Brasil, buscando em seu instrumento novos caminhos e experimentos sonoros que surpreendem o  ouvinte. Inconformado com o tamanho natural das coisas, Sodré inovou na criação da viola de 14 cordas, um instrumento único, com maior extensão harmônica e um timbre surpreendente.

A fórmula do sucesso de Fernando Sodré é a mistura da sonoridade da viola caipira com a forma peculiar com que ele a toca, o que lhe permite alcançar um estilo absolutamente pessoal. Colecionador de prêmios, Fernando destaca-se no cenário nacional não só pela originalidade do seu trabalho, mas sobretudo por seu virtuosismo. Sodré já dividiu palcos com grandes nomes da musica brasileira como Hamilton de Holanda, Almir Sater, Toninho Horta, Roberto Correa, Juarez Moreira e uma legião incontável de pesos pesados.

Influenciado por  mestres como Tom Jobim e Raphael Rabelo, além de Pat Metheny e Paco de Lucía, em ‘Viola de Ponta Cabeça’, Fernando vai mostrar aos ouvintes as preciosidades que imprime ao seu trabalho a cada novo disco. Quando nada será uma injeção de grandeza musical nos nossos ouvidos saturados de axeismos e funquices de quinta categoria. Quem quiser esquentar as turbinas até a chegada do novo CD pode ouvir seus trabalhos anteriores: ‘Rio de Contrastes’ e ‘Fernando Sodré’.

Marco Lacerda - 120 X 100Marco Lacerda é jornalista e escritor, autor dos livros ‘As flores do jardim da nossa casa’, ‘Favela High-Tech’ e ‘Clube dos homens bonitos’.