Água será tema de evento nesta quarta na Assembleia de Minas

Movimentos se unirão em ‘Manifestação pró-rios de Minas’ durante Seminário das Águas em Belo Horizonte

Reportagem: Pacheco de Souza / Foto de arquivo

Sistema Rio Manso

Sistema Rio Manso

Para alertar mais uma vez a população e as autoridades sobre a situação e chamar a atenção de todos quanto à necessidade urgente de políticas públicas voltadas as águas e ao não contingenciamento, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), o Projeto Manuelzão, o Instituto Guaicuy, o Movimento pela Serra do Gandarela e outros parceiros promoverão durante o 3º Seminário Legislativo Águas, na Assembleia Legislativa, uma manifestação pró-rios de Minas. A manifestação acontecerá na Praça da Assembleia, às 8 horas, do dia 30 de setembro.

Mesmo com as chuvas de setembro, o nível dos reservatórios e rios de Minas continuam preocupantes. No São Francisco o nível do rio está muito abaixo do normal, com consequências drásticas para os municípios ribeirinhos. O Rio Doce já não consegue chegar ao mar. No Rio das Velhas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a vazão ainda está baixa e as águas que chegam ao São Francisco estão contaminadas por cianobactérias. A situação é mais grave em 136 cidades do estado que passaram a adotar alguma limitação do uso do recurso hídrico por causa da seca.

Esses fatos apontam a grave crise vivida pelos rios de Minas. Por outro lado, faltam políticas públicas e de gestão comprometidas com a revitalização desses rios. O problema se agrava com o contingenciamento feito pelo governo do Estado que não está repassando os recursos cobrados dos usuários da água para os comitês. No caso do CBH Rio das Velhas, o governo não repassou os recursos arrecadados do 4º trimestre de 2014 e duas parcelas de 2015, totalizando cerca de R$ 5 milhões.

Para o presidente do CBH Rio das Velhas e coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, é ilusório pensar que as chuvas resolverão todos os nossos problemas. “A situação é mais grave e passa pela gestão dos rios, o uso do solo, da preservação e recuperação das matas ciliares, nascentes e revitalização dos cursos d’água”.

A ação do dia 30 será um ato público, político, cultural e popular com diversas atrações que mostrarão a realidade dos rios de Minas e propostas para mudanças.

BASQUETEANDO 2015

 

COPASA NÃO DESCARTA RACIONAMENTO DE ÁGUA EM MINAS

NOVA DIRETORA DA COPASA PEDE À POPULÃO UMA REDUÇÃO DE 30% NO CONSUMO DE ÁGUA

Reportagem: Pacheco de Souza / Fotos Copasa

Sistema Serra Azul já usa volume morto

Sistema Serra Azul já usa volume morto

A presidente da Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais (Copasa), Sinara Meireles, anunciou nesta quinta-feira, 22 de janeiro, o risco real de desabastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e em cidades de outras regiões do Estado. Levantamento realizado pela nova diretoria da empresa, empossada na tarde da última sexta-feira, 16 de janeiro, mostra uma situação crítica do sistema de abastecimento de água nos municípios atendidos pela empresa.

O Sistema Paraopeba, que abastece a RMBH e é composto pelos reservatórios Serra Azul, Rio Manso e Vargem das Flores, está operando atualmente com 30,25% de sua capacidade. Dos três reservatórios, o que apresenta a pior condição é o Sistema Serra Azul, que atualmente está com apenas 5,73% de seu volume, praticamente já operando em seu volume morto. Já o sistema Vargem das Flores apresenta capacidade atual de 28,31% e o sistema Rio Manso, 45,06%.

Volume dos reservatórios está caindo a cada dia

Volume dos reservatórios está caindo a cada dia

O relatório, elaborado em caráter de emergência por determinação do governador Fernando Pimentel, também deixa claro que o governo anterior tinha conhecimento da situação, mas não tomou medidas necessárias para evitar o comprometimento do abastecimento. Mesmo com a estiagem prolongada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o governo anterior optou por manter a distribuição de água para a população em níveis estáveis nos últimos dois anos.

Os fartos dados monitorados pela Copasa ao longo dos últimos dois anos mostram os riscos envolvidos na garantia do abastecimento de água para a população, situação oposta às informações divulgadas pelo governo anterior, que davam conta que não haveria risco de desabastecimento na Grande BH. Com isso houve o consumo intenso da água dos reservatórios e a redução sensível dos volumes acumulados, que não se recuperaram.

De acordo com o relatório, a média de produção de água tratada no sistema Paraopeba entre dezembro de 2013 e novembro de 2014 foi de 17.821.857 m³/mês.  O volume acumulado nos três reservatórios em 1º de janeiro de 2015 totalizou 92.324.818 m³. Os números mostram que, considerando-se as descargas para vazão residual e a captação para produção que representam um volume extraído mensal da ordem de 25 milhões de m³, a previsão é de que este volume seja suficiente para pouco mais de três meses para abastecimento de água para a população atendida pelo sistema. Por esta razão serão tomadas medidas emergenciais de restrição da oferta para que possamos atravessar o atual período.

Perdas

Outra situação que necessita de uma atuação urgente é o combate às perdas que, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, são de 40%. Em 2014, a cada 10 litros de água potável entregues à população, 4 não foram consumidos ou usados de maneira regular – o que inclui desde vazamentos no percurso entre a distribuição e o consumidor até ligações clandestinas (gatos).

Medidas

Diante das conclusões do relatório, Sinara Meireles anunciou as seguintes medidas:

Disponibilizar no site da COPASA informações diárias sobre o nível dos reservatórios de abastecimento na RMBH.

2- Destacar 40 equipes de campo na RMBH com equipamentos para atuação nos vazamentos, uma das principais causas das perdas no sistema, reduzindo o tempo de ação para interrupção do vazamento que hoje, na média, é de 9 horas.

3- Implantar nova rotina para programação dos atendimentos de campo para realização de manutenções corretivas e preventivas.

4- Revisar os procedimentos de operação do sistema integrado visando minimizar os transtornos causados pela falta d´água em localidades da RMBH. Trata-se de rodízio no abastecimento a ser realizado com programação pré-definida.

5- Realizar Campanha Educativa com o principal objetivo de reduzir o consumo de água em pelo menos 30% na RMBH.

6- Intensificar a contratação de caminhões pipa e a perfuração de poços artesianos, nas regiões mais críticas também no restante do Estado para atendimentos emergenciais.

7- Envio à autoridade gestora de recursos hídricos do estado de solicitação de declaração de situação crítica de escassez de recursos hídricos.

8- Atuar na adoção de outros mecanismos previstos legalmente, associados ao racionamento de água, inclusive mecanismos tarifários de contingência aprovados pela ARSAE, se for o caso.

9- Executar a captação de 5 m³/s  no Rio Paraopeba para a Estação de Tratamento de Água do Rio Manso.

Fonte: Site da Copasa