Fonte e imagens: Polícia Civil de Minas Gerais
Engana-se quem pensa que o cerol é a única preocupação de motoqueiros nos meses de férias escolares. Um novo tipo de mistura de cola, conhecido como linha chilena, vem ganhando mercado e espaço entre os adeptos de soltar pipas, e tem um poder de corte quatro vezes maior que o do cerol. Feita a partir de pó de quartzo e pó de alumínio, a linha começou a ser produzida, inicialmente, no Chile, por isso o nome.
No dia 15 de junho deste ano, um menino de cinco anos morreu no bairro Bela Vista, em Ibirité, região Central do Estado, com o pescoço cortado por linha chilena. A morte causou grande comoção social, e, após o fato, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) intensificou as investigações contra o comércio da linha em Belo Horizonte. Após denúncias de que havia fácil venda na região do hipercentro, a polícia iniciou investigações que duraram dois meses e resultaram na localização de uma fábrica clandestina no bairro Vila Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, na tarde da última sexta-feira (4).
Na ação, foi presa em flagrante Vanessa de Fátima Teodoro Neto, de 43 anos, por crime contra as relações de consumo: “vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo”, cuja pena é de detenção de dois a cinco anos ou multa. Ela foi solta no dia seguinte, através de fiança arbitrada pela Justiça, e não possuía antecedentes criminais.
No terraço da casa de Vanessa, a polícia descobriu a fábrica onde era produzida a linha chilena, que, de acordo com as investigações, era vendida por ela e outros suspeitos, ainda não localizados. Foram apreendidos 11 maquinários para produção de linha, 74 frascos de cerol, além de pó químico de mistura de vidro, cerca de 50 mil metros de linha e anotações de contabilidade.
De acordo com o apurado, a fábrica vinha funcionando há três anos. Para se ter uma ideia do lucro que a ela trazia, o menor carretel disponibilizado para venda, com 400 metros, era vendido de R$ 20 a R$ 30. Já o maior, com 12 mil metros, era vendido a quase R$ 400. Mas a precisão dos valores movimentados através da fábrica só será possível após perícia contábil nas anotações apreendidas.
“Os pais têm que estar atentos ao tipo de linha que os filhos estão consumindo”, alerta o delegado Rodrigo Damiano, responsável pelas investigações. “Acreditamos que fechamos a maior fábrica de linha chilena de Belo Horizonte e, talvez, a maior de Minas Gerais”, acrescenta.
A polícia apurou que a fábrica abastecia o comércio de cerol e linha chilena em toda a capital, e, em especial, na região do hipercentro. As investigações, agora, continuam, com o objetivo de identificar outras pessoas que também agiam na fábrica e vendiam o cerol e as linhas. Para a polícia, pelo menos mais uma pessoa também seria dona do local.