Iniciarei minha matéria das cidades sedes da Copa de 2014 falando da nossa Belo Horizonte. Cidade projetada pelo engenheiro e urbanista Aarão Reis para ser a capital do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte foi inaugurada em 1897. Hoje é o sexto município mais populoso e um dos mais importantes polos culturais, econômicos e industriais do país. A Grande Belo Horizonte, composta por 34 municípios, é a terceira maior aglomeração urbana do Brasil, com 5,03 milhões de habitantes, e registra a menor taxa de desemprego (10,2%) entre as seis maiores regiões metropolitanas do país. O PIB de Minas Gerais ficou em 214,8 bilhões, o terceiro maior do Brasil. Os municípios de Belo Horizonte, Betim e Contagem somaram PIB de 62,6 bilhões de reais, valor que representa mais de 80% do PIB da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O estado de Minas Gerais tem diversos apelos turísticos, como cidades históricas, parques estaduais e nacionais com atrações para ecoturismo e turismo de aventura, ou ainda o circuito das águas, com roteiros para quem quer relaxar e passear tranquilamente. Na capital mineira, conhecida internacionalmente por seus belos conjuntos arquitetônicos, a atividade turística está diretamente relacionada ao segmento de feiras e eventos. Porém, o potencial para o turismo de negócios poderia ser mais bem explorado.
Estádio Mineirão
Inaugurado em 1965, o Estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão, é de propriedade do governo estadual. Reformado, ele poderá atender às condições da Fifa e ao potencial esportivo da cidade, caracterizado pela existência de um público pagante capaz de dar sustentação econômica ao estádio.
Belo Horizonte tem um histórico de grande público e renda no Mineirão. Mas são várias as intervenções para adaptar o Mineirão às exigências da Fifa, a maioria delas relacionada a problemas de visibilidade e segurança. Um reforço de pilares e molas foi implantado para dar sustentação à arquibancada superior, mas atrapalha a visão da arquibancada inferior para o campo. Há também placares sobre a arquibancada e grades na separação das torcidas, o que compromete a visibilidade em vários pontos do estádio.
Turismo
A Copa de 2014 justifica investimentos que venham a incrementar a infraestrutura turística com o objetivo de ampliar o tempo de permanência do turista de negócios na capital e criar condições para que ele retorne em outras oportunidades. De olho nessa perspectiva, a Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (Setur) anunciou o projeto Rede de Turismo de Negócios e Eventos, que vai contar com investimentos de 5,6 milhões de dólares, garantidos pelo convênio assinado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Parte da verba se destina à construção de um banco de dados para organizar e unificar o calendário de eventos nacionais e internacionais, de modo que eles passem a ser distribuídos equitativamente ao longo do ano, equilibrando assim a ocupação hoteleira na capital e permitindo a ampliação da atividade. O projeto prevê também a capacitação dos setores da cadeia e a oferta de serviços turísticos de qualidade e com preços competitivos. A ideia é fazer com que o turista de negócios passe a usufruir também da infraestrutura de serviços para o turismo de lazer.
Entre os desafios que Belo Horizonte deve enfrentar para alcançar esse objetivo está a ampliação da rede de hotéis. Dados da Setur indicam que o parque hoteleiro da capital é composto por 52 hotéis de duas a cinco estrelas e 38 apart-hotéis, somando 90 estabelecimentos que juntos disponibilizam 7.945 unidades habitacionais, das quais 34,4% de padrão quatro ou cinco estrelas. Até o final de deste ano, a rede hoteleira de Belo Horizonte deve oferecer mais 1.668 unidades.
Infraestrutura e acesso ao estádio
O modelo mononuclear de desenvolvimento urbano inibiu o crescimento de novos centros nos demais municípios da Região Metropolitana de BH. O traçado do metrô e a macroestrutura viária e de transportes da capital mineira, dispostos predominante nos eixos norte e oeste, reforçam essa concentração e as deficiências na articulação espacial da região metropolitana, abrindo diversas frentes para investimentos em transporte coletivo.
A acessibilidade ao estádio deverá ser garantida por um sistema de transporte de massa, próximo e ligado aos principais polos geradores de viagens da cidade. Nos municípios maiores da RMBH, o sistema deverá ser de alta capacidade, como o metroviário ou de trens metropolitanos. Em Belo Horizonte, o projeto metroviário está definido, porém os recursos financeiros não estão suficientemente assegurados. Nas demais cidades, é possível utilizar um sistema de média capacidade, como os VLTs ou corredores exclusivos de ônibus. A movimentação dos turistas para o estádio deverá ser feita, predominantemente, por vans. Com a infraestrutura de acesso existente são esperados problemas de mobilidade, o que deve prejudicar a acessibilidade.
Plano de Mobilidade Urbana para a Copa 2014
O Plano de Mobilidade Urbana para a Copa 2014, apresentado pelo Ministério do Turismo prevê para Belo Horizonte apenas R$ 211,7 milhões para 5,5 quilômetros de corredores de ônibus.
O Estádio Mineirão fica na região da Pampulha, predominantemente residencial, de alta e média renda, junto ao campus da Universidade Federal de Minas Gerais e a cerca de 3 km do aeroporto da Pampulha. É servido por um sistema de transporte de ônibus urbano comum. Os planos de transporte para a região incluem uma linha metroviária de 10,3 km entre a Pampulha e o bairro da Savassi, conectada com as linhas de metrô já existentes. Porém essa linha ainda está em estudos e não há recursos orçamentários previstos para sua implantação.
Por se tratar de uma região residencial, o maior tráfego deve ocorrer nas vias de acesso ao Mineirão. Assim, é necessário identificar os principais gargalos da mobilidade das rotas de acesso ao estádio e avaliar o potencial da Pampulha como polo de geração ou de atração de viagens.
Belo Horizonte finalizou o projeto da Linha Verde, que teve como principal objetivo de reduzir de 60 minutos para 35 minutos o tempo de viagem entre o aeroporto internacional e o centro de Belo Horizonte, distantes cerca de 40 quilômetros. O projeto foi o mais significativo conjunto de obras viárias na Grande Belo Horizonte nas últimas décadas. O empreendimento que requalifica a área próxima à Estação Rodoviária e ao Parque Municipal abrange intervenções nas avenidas Andradas e Cristiano Machado, na Rodovia MG-010 e o acesso ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Infra-estrutura aeroportuária Belo Horizonte conta com dois importantes aeroportos, o menor na região da Pampulha, e o principal em Confins, localização mais distante do centro da capital (38 km) entre todos os aeroportos do país. A Infraero transferiu 120 voos da Pampulha para o Aeroporto Internacional de Confins, o que quintuplicou o movimento de passageiros.
BH é a porta para o turismo cultural na tradição de Minas Gerais em cidades como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, São João Del Rei, Diamantina, Sabará, Congonhas e Caeté.
A cidade não atrai turista somente a negócios. O lazer, a cultura e o espírito mineiro se abraçam e pulsam na capital. Não é para menos: BH está estrategicamente localizada na porção central do Estado. O clima agradável, belas paisagens, a arquitetura eclética e a proximidade com importantes cidades turísticas mineiras completam o amplo mosaico oferecido.
Tenho certeza que a capital dos “butecos” estará pronta para receber os turistas de diversas partes do Brasil e do mundo com os braços abertos e aquele jeitinho mineiro que só nós temos.
Um grande abraço a todos, e até a próxima matéria, onde falarei de Brasília-DF.