Reportagem: Livia Laudares / Imagens: Pacheco de Souza
O auditório da Câmara de Vereadores de Pedro Leopoldo esteve, atipicamente, lotado no meio da tarde dessa sexta-feira (29). A população mostrou que quando se trata de seus interesses o horário não é empecilho. Às 14h foi iniciada a reunião, convocada em regime de urgência, para votar projetos que envolviam alteração de vencimentos de cargos de chefia, aumento de taxa de iluminação pública, ISS para empresas e IPTU. Dos dez vereadores apenas dois votaram contra as propostas, Baixinho da garagem e Dr. Marcus Marinho.
A indignação da população reflete o atual momento da economia. Taxa de desemprego alta, dificuldades no mercado imobiliário e na manutenção básica da maioria das famílias. O prefeito é enfático: a situação da máquina pública também não é das melhores, ou votavam os projetos ou teriam que escolher “qual equipamento fechar no ano seguinte”. Para ele a aprovação foi um ato de responsabilidade dos vereadores que votaram a favor.
Em conversa com nossa reportagem o prefeito afirmou: “as pessoas vieram por uma mentira”. Durante a entrevista Cristiano Marião fez questão de defender seu eleitorado dos, segundo ele, equívocos da oposição. “Foi uma votação de projetos que foram distorcidos, tanto que a comunidade que está aqui hoje, infelizmente, vieram motivadas por informação que não é verdadeira”, declarou. “Foi vaiado um projeto que estava diminuindo o valor de um salário de 8 para 6 mil, foi vaiado projeto que diminuía meio milhão com gastos de funcionários”, disse.
Para o prefeito a mobilização popular na câmara não é legítima. “A gente viu aqui uma movimentação partidária, o povo não veio participar, e isso está bem claro aqui pra quem quiser ver. O povo acredita na nossa administração e por isso mesmo que se quiserem que eu faça uma audiência pública para explicar o que foi votado hoje me ponho a disposição”, garantiu.
Como é presidente da Câmara Municipal, Geraldo Loro não votou. Mas comentou sobre a polêmica votação. “Nós estávamos analisando esse projeto há 15 dias. Vários gestores passaram pelo executivo e não fizeram essa reforma, que não foi drástica. Há mentirosos nas redes sociais que passam isso para as pessoas, são coisas maldosas, porque o prefeito foi à rádio e explicou para a população”, concluiu.
Um dos vereadores que votou contrário a algumas propostas foi Marcus Marinho. Para ele o momento não é propício para a reforma administrativa. Ele se absteve de duas votações por não ter seus pedidos de alterações acatados para aprovar as medidas, como exemplifica. “Votaria se fosse feita a modificação na proposta do IPTU, para retirar pautas que podem ser analisadas por engenheiros pra gente mostrar para a população que realmente o valor tá correto, seja para mais ou para menos. E a outra que me abstive foi a de parcelar as taxas públicas dos três próximos anos, 2018, 2019 e 2020. E como não foi aceito, fui voto vencido”, declarou.
Sua contrariedade se deu, em parte, pelo pouco tempo para discutir as matérias. “Passou pra gente a batata quente para resolver rapidamente. Teve explicação do executivo, teve encontro dos vereadores, mas não foi o suficiente. Sou a favor da secretaria de segurança pública, mas veio um projeto todo unido e não tinha como desmembrar. Não tinha como votar no secretário de segurança pública e não ser a favor da criação de um outro cargo e extinção de outro, por isso meu voto foi negativo”, concluiu.
O vereador Baixinho também votou contra todas as propostas. “Eu levei o projeto para casa, estudei para não cometer injustiças. Vi possibilidades de chegar numa visão comum, mas foi uma decisão minha votar contra, não achei correto. A minha palavra vale muito, ninguém do partido me procurou ou pressionou, foi uma decisão minha”, garantiu.
Representantes da população que participaram da reunião da Câmara se mostravam indignados com as propostas. Cláudio Roberto Soares é morador do bairro São Geraldo e defende uma melhor avaliação dos projetos propostos, para que os impostos possam atender as necessidades da população da cidade. “Eu gostaria de saber da quadra que tinha no São Geraldo e caiu, fazem sete anos, muitas crianças estão nas drogas sem as atividades de esporte. Com esse tanto de imposto, se não sair a reforma da quadra, temos que reivindicar”, afirmou.
Reginaldo Torres é morador do Centro de Pedro Leopoldo e também registrou sua indignação. “Eu pago quase R$400 de IPTU numa casa pequena, e com esse aumento vai ficar pior. Tem que melhorar a cidade sem aumentar! Trazer empregos, faz anos que não traz indústrias para Pedro Leopoldo”, disse.