Fonte: ALMG
Falta de pessoal, de equipamentos de trabalho e de estrutura física têm prejudicado o atendimento à população.
A Polícia Civil corre o risco de entrar em colapso em breve, caso o governo não faça investimentos estruturais na instituição. O alerta foi feito pela ex-chefe de Polícia Andréa Vacchiano aos deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em audiência pública nesta terça-feira (19/9/17) sobre a precariedade das delegacias no interior do Estado.
Vacchiano ocupou o cargo durante sete meses em 2016. Ela contou que faltam viaturas e estrutura física mínima, mas que foi feito um planejamento estratégico para a realização de obras, investimentos e compras.
“A crise financeira do Estado interrompeu as melhorias. Há cidades, por exemplo, onde a população ajudou na conclusão de obras. A Polícia Civil corre risco de entrar em colapso, principalmente por ingerência política”, disse Vacchiano.
A ex-chefe de Polícia defendeu que é preciso definir prioridades na aplicação de recursos, tendo em vista que o efetivo é reduzido e a instituição precisa ser modernizada. No período em que esteve no cargo, cerca de 950 novos servidores passaram a compor os quadros da Polícia Civil, mas a promessa era de nomeação de mais de 14 mil, segundo ela.
“Os 1.300 concursados que aguardam nomeação não vão suprir a real necessidade do Estado. A Polícia Civil é o segundo órgão arrecadador do Estado e, ainda assim, sofre com falta de recursos”, lamentou Vacchiano.
Déficit – O presidente do Sindicato dos Delegados, Marco Antônio de Paula Assis, lembrou que o quadro da Polícia Civil deveria ser composto de 19 mil servidores, mas, hoje, são apenas 8,7 mil. Segundo ele, os delegados estão sobrecarregados, pois são obrigados a assumir a responsabilidade por diversas cidades.
O presidente do Sindicado dos Policiais Civis, Denílson Martins, chamou atenção para o fato de a Lei Orgânica da Polícia Civil (Lei Complementar 129, de 2013) ter sido sancionada há quatro anos, mas não estar sendo cumprida. De acordo com ele, a norma garante autonomia orçamentária e financeira para a Polícia Civil, mas isso não estaria ocorrendo na prática. “A carência de efetivo é grande e provoca um sucateamento em cadeia”, alertou.
Militares lamentam crise na defesa social
Representantes da classe da Polícia Militar (PM) prestaram solidariedade aos colegas da Polícia Civil. Na avaliação do presidente da Associação dos Servidores do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar (Ascobom), Alexandre Rodrigues, trata-se de um problema de segurança pública. De acordo com Alexandre, a Polícia Militar precisa da Civil para dar sequência ao seu trabalho. Em seu relato, destacou que, quando uma corporação pára, a outra se inviabiliza.