Carreta do Hospital de Barretos fica na cidade até o dia 27 de setembro e deve atender mais de 230 pessoas
Reportagem: Pacheco de Souza / Foto divulgação
Dos dia 23 a 27 de setembro, no município de São José da Lapa, na região metropolitana de Belo Horizonte, trabalhadores e ex-trabalhadores egressos da PRECON ou de outras fábricas da região, vão participar de um mutirão de exames para rastrear doenças relacionadas ao amianto, mineral altamente cancerígeno e proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2017.
Em iniciativa da ABREA (Associação Brasileira de Expostos ao Amianto) e do Ministério Público do Trabalho de Belo Horizonte, os exames estão sendo realizados por uma unidade móvel do Hospital do Amor de Barretos, referência em tratamento oncológico no país. Mais de 230 moradores de áreas de alto risco, como Pedro Leopoldo e outras cidades vizinhas, serão levados até São José da Lapa para analisar os efeitos colaterais da exposição ocupacional.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há limite seguro para a exposição ao mineral, e somente a sua substituição efetiva é a forma mais segura de prevenir doenças relacionadas, como câncer, asbestose, entre outras doenças pulmonares. Uma das características das doenças relacionadas ao amianto é o diagnóstico tardio, que pode chegar a levar quarenta anos, o que faz com que os sintomas permaneçam silenciosos durante muito tempo e as vítimas nem suspeitem da doença.
O advogado Leonardo Amarante, um dos principais representantes na luta contra a fibra no país e representante da ABREA, comenta a ação: “É necessário que movimentos como esses sejam implementados para que tentemos minimizar ao máximo os efeitos da doença. É triste observar que esses trabalhadores, além de sofrerem com uma possível doença, convivem com processos que levam em média 10 anos ou mais, desde o ajuizamento da ação até o recebimento efetivo das indenizações”, lamenta.
A capital do mesotelioma
Para efeito de comparação, a Asbestos.com, entidade americana que estuda o mesotelioma, câncer causado pelo amianto, aponta que quatro em cada cem mil pessoas seriam portadoras da doença. Ao aplicar a mesma proporção em todos os trabalhadores que passaram Pedro Leopoldo, a estatística sobe para 133 ocorrências.